Crianças buscai na vossa simplicidade, ferramentas para construirdes pontes e alcançardes sabedoria! Que na terra inteira - vosso campo de batalha - possais ensinar os homens que, é na simplicidade, que habita o valor mais elevado. Que possais fazer das vossas precariedades os vossos livros.
O entardecer, Deixava sobressair as pinceladas Com que N'Zambi ia tingindo o céu.
A natureza, Lentamente, Orvalhava-se do cacimbo Orvalho do cacimbo Sangue tonificante Do embondeiro Das acácias Do capim
Do solo, Emergia o perfume da terra, Grávida de tudo!
No charco, Pequenos moluscos riscavam as águas Compassados pelo coaxar das rãs.
O batuque, Ecoando languido, dorido Misturava o som Ao cheiro da pele transpirada.
As mãos, que tamborilavam, Eram as mesmas mãos Que durante o dia Incessantemente se enchiam Das gotas de sangue dos cafezeiros.
Na sanzala, Os fogos começavam a crepitar As crianças, Olhando as formas fantasmagóricas, Desenhadas pelas árvores Açoitadas pelo vento, Imaginavam cazumbiris
A fuga rápida De algum predador, Assustando-as, Aproximava-as da fogueira Que resplandecia vida, Aquecendo os corpos extenuados Que a circundavam…
O kissandje, Dedilhado, com frenesim, Pelos dedos cor de âmbar, Gemia a alma Enquanto, o tocador, Cadenciava a cabeça encarapinhada.
Crianças
ResponderExcluirCrianças buscai na vossa simplicidade, ferramentas para construirdes pontes e alcançardes sabedoria!
Que na terra inteira - vosso campo de batalha - possais ensinar os homens que, é na simplicidade, que habita o valor mais elevado.
Que possais fazer das vossas precariedades os vossos livros.
Filomena Gomes Camacho (Poetisa Angolana)
MINHA TERRA
ResponderExcluirO entardecer,
Deixava sobressair as pinceladas
Com que N'Zambi ia tingindo o céu.
A natureza,
Lentamente,
Orvalhava-se do cacimbo
Orvalho do cacimbo
Sangue tonificante
Do embondeiro
Das acácias
Do capim
Do solo,
Emergia o perfume da terra,
Grávida de tudo!
No charco,
Pequenos moluscos riscavam as águas
Compassados pelo coaxar das rãs.
O batuque,
Ecoando languido, dorido
Misturava o som
Ao cheiro da pele transpirada.
As mãos, que tamborilavam,
Eram as mesmas mãos
Que durante o dia
Incessantemente se enchiam
Das gotas de sangue dos cafezeiros.
Na sanzala,
Os fogos começavam a crepitar
As crianças,
Olhando as formas fantasmagóricas,
Desenhadas pelas árvores
Açoitadas pelo vento,
Imaginavam cazumbiris
A fuga rápida
De algum predador,
Assustando-as,
Aproximava-as da fogueira
Que resplandecia vida,
Aquecendo os corpos extenuados
Que a circundavam…
O kissandje,
Dedilhado, com frenesim,
Pelos dedos cor de âmbar,
Gemia a alma
Enquanto, o tocador,
Cadenciava a cabeça encarapinhada.
Filomena Gomes Camacho
Crianças da guerra.
ResponderExcluirQue as estrelas possam irradiar
Calor, luz, para aquecer e iluminar,
O frio que flagela, a alma que agonia
Que se renove Hoje a paz e a alegria
Nasçam flores aqui, ali, em profusão
E cada pétala se transforme em pão
Para a fome, às crianças saciar
E que haja abundância para cear
Que a brisa, em melodia suave entoe.
Nos corações um hino de amor ecoe.
Acordes anunciem: a paz renasceu
Acabou a guerra, o bem prevaleceu
Que as abelhas tragam mel e doçura
As nuvens agasalho, calor e ternura
É sonho de criança, é oração, fervor…
Ao Deus-Menino, Jesus, O Salvador
Filomena Gomes Camacho
SONHO DE MENINO
ResponderExcluirQuando eu for grande,
Quero ser um professor.
E os verbos que são d'amor
A todos irei ensinar
A cumprir e conjugar
Quero ser um engenheiro
P’ra construir uma ponte
De nascente até poente,
Onde possa toda a gente
Circular p’ra se abraçar!
E médico também serei.
Para onde existir a dor
Eu ali, com muito amor
E todo empenhamento,
Sanar o sofrimento!
Quero ser um calceteiro
E nas ruas colocar
Pedras p’ra não magoar,
Dos meninos, os pézinhos
Descalços sem sapatinhos
Das profissões eu não sei
O que serei com certeza.
Porém, daquilo que for,
Farei tudo com amor,
Valor e grande nobreza!
Filomena Gomes Camacho
in (poemas Nossos)